Logo

Logo

domingo, 15 de setembro de 2013

ESPECIAL BUSSCAR: A BUSSCAR ENTRA NA SUA SEGUNDA CRISE


A Busscar tinha caído em uma grave crise financeira em 2002, mas conseguiu por meio de empréstimos e financiamentos, voltar ao mercado brasileiro e mundial por algum tempo. Mas infelizmente um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar, é o que acompanharemos hoje, no Especial Busscar.

TUDO ESTAVA BEM...
 A Busscar vinha em um mercado aquecido, com forte demanda, a linha de produção em Joinville estava bombando, pessoas que trabalhavam na linha de montagem, cotam que eram entregues cerca de 20 a 25 unidades por dia, no período de 2007/2008. Só que para manter a linha rodando a Busscar necessitava de dinheiro, pois no negócio de produção de ônibus os pagamentos funcionam de um outro modelo que veremos logo depois. O dinheiro era emprestado de bancos, quando a Busscar recebia o valor das encomendas produzidas, pagava os bancos para pegar mais empréstimos, o que não podia acontecer era os bancos não emprestar dinheiro para a fabricante de carrocerias, pois a mesma não tinha lucro líquido por mês, se tivesse o que sobrava já iria para a linha de montagem na compra de matéria-prima. As despesas batiam com os lucros, não sobrava nada, esse dinheiro vinha dos bancos para manter a empresa girando com as encomendas.

COMO FUNCIONAVA O PAGAMENTO DA BUSSCAR
Vamos imaginar uma compra normal de um cliente na Busscar, ele encomendou 100 ônibus, o valor bruto das carrocerias é de 50 milhões de reais.

--------A Busscar pede o empréstimo ao banco de 50 milhões de reais e dá como garantia de pagamento o lote de carrocerias----------A Busscar compra matéria-prima, paga funcionários e tudo mais, e em 40 dias(vamos supor) as carrocerias estão prontas---------O cliente recebe as carrocerias, emplaca e já sai rodando-------A Busscar só vai receber 60 dias depois da entrega dos ônibus para o cliente.----

Então funcionava assim: leva 30 para produzir e 60 dias para receber, durante os 60 dias que a Busscar ficava sem receber necessitava de dinheiro para produzir os outros lotes que estão na fábrica.

A CRISE DE 2008...
Enquanto a Busscar lançava sua nova linha de ônibus rodoviários a crise lá fora estava assombrando os mercados de todos os tipos, mas com empréstimos sendo feitos a Busscar se garantia com uma produção e a crise de 2008 era esperada que não afetaria a empresa joinvilense de nenhuma forma, só era esperado.
A partir de outubro de 2008 a Busscar começou a ter problemas financeiros, os bancos começaram a diminuir a linha de crédito para a empresa, pois estavam com medo de que a Busscar também entraria em um processo de falência por conta dos indicadores econômicos estarem baixos, os bancos recusaram novos pedidos de empréstimo e a Busscar se viu isolada e entrando em uma pequena crise financeira. 2009 chegou e a encarroçadora já tinha novos planos, foi conseguindo empréstimos com bancos que não foram pagos, empréstimos para manter pelo menos em 2009 uma produção considerada razoável para o mercado brasileiro e mundial, mas tudo vinha se complicando. Lançou o Panorâmico DD e o novo Urbanuss Pluss mas nada disso adiantou, na verdade teve mais encomendas desses produtos só que não tinha dinheiro para tocar a produção que acabou parando no ano seguinte.

O DESESPERO BATE NA PORTA DA BUSSCAR...
A Busscar estava encerrando o ano de 2009 com a venda do seu Grenil, que era o local de recreação e descanso de funcionários e seus familiares nas festas de fim de ano e finais de semana, foi vendido para pelo menos pagar 50% do 13º salário dos funcionários da linha de montagem que já estavam alguns de saída da Busscar para 2010. 2010 chegou, e a Busscar nos meses de janeiro e fevereiro conseguiu manter uma pequena produção que atingia o mercado brasileiro e também ao grande Projeto Guatemala que estava sendo iniciado em 2010, tinha também a renovação de frota da Transtusa e Gidion e a licitação para os aeroportos do Brasil com a Infraero, encomendas não faltavam mas dinheiro sim. Em março, abril e maio a empresa só foi de mal a pior.

PARA BRASÍLIA!!!
 Primeiro protestos em Joinville, grandes passeatas que reuniam cerca de 1.500 trabalhadores da Busscar, depois a ideia de ir para Brasília e pedir apoio ao então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, para a liberação de 621 milhões de reais que a Busscar tinha direito por Crédito IPI, o dinheiro é claro, seria usado para salvar a Busscar da crise e colocar a empresa pela segunda vez subindo a colina e não descendo como estava acontecendo. 40 ônibus locados e emprestados por empresas de ônibus do Brasil tomaram o rumo da capital federal, lá a Busscar tentava com funcionários juntos com o presidente da empresa Cláudio Nielson e políticos da região de Joinville como Kennedy Nunes, Deputado Vieira, entre outros verbas ou soluções junto ao BNDES para salvar a empresa da crise financeira. Mas não adiantou a Busscar não receberia o dinheiro do governo e teria que se virar sozinha se quisesse voltar a ser uma das maiores encarroçadoras de ônibus do Brasil e do mundo.

VOLTANDO PARA JOINVILLE, CONVERSAS
Na volta para Joinville, a Busscar não tinha mais como continuar produzindo, não havia mais dinheiro no caixa da empresa e a Busscar acabou começando a não pagar salários para seus funcionários gerando insatisfação de muitos e deixando os mesmos com dificuldade financeira, no início de 2010 foi feito um PDV Plano de Demissões Voluntárias em que 1.000 trabalhadores aderiram ao plano, a Busscar em junho 2010 contava ainda com 3.100 trabalhadores que estavam desligados por tempo indeterminado. A linha de montagem ainda com encomendas para serem entregues ficou parada junho, julho, agosto e setembro de 2010, voltou em outubro assim que a Busscar negociou juntamente com o Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região a venda de um terreno por cerca de 5 milhões para gerar caixa de produção e conseguir entregar as unidades para a Infraero e para a Gidion e Transtusa.

2011...
A Busscar iniciou o ano de 2011, não pagando os salários de 2010, já inciou com dividas que somavam na época 600 milhões de reais, que não seriam pagas tão sendo, vendo a situação da linha de montagem ainda dava para perceber que clientes confiavam seriamente na marca Busscar, carrocerias para Açaitur Turismo, Projeto Guatemala, Transazul e inclusive para a Rede Globo estavam na linha de montagem durante todo o ano de 2011, que teve as surpresas que ninguém esperava. 

LEILÃO DETERMINADO PELA JUSTIÇA...
A Justiça determinou por ordem a venda dos bens da Busscar Ônibus S.A, começando pelos menores e também pelos não produtivos pois a empresa ainda estava rodando razoavelmente, a primeira venda foi determinada pela Justiça em agosto de 2011, para vender por leilão um escritório e algumas garagens em Florianópolis onde funcionava um representante comercial da Busscar, o leilão só arrecadou 21 mil reais e vendeu duas vagas de garagens, a Justiça então esfriou s leilões e quando iria retomar com maiores dimensões, a Busscar entra com um pedido de Recuperação Judicial, era a última tentativa para salvar a Busscar da falência.

SEMANA QUE VEM TEM O PENÚLTIMO EPISÓDIO DO ESPECIAL BUSSCAR NÃO PERCA!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário